segunda-feira, 26 de dezembro de 2016



Caprichos de Almeria - Andaluzia

Talvez esta estruturas estejam dentre as mais caprichosas peças de arte da natureza, tamanha a variedade de formas que são encontradas nos sítios geológicos da Bacia Sedimentar de Vera, na região de Almeria, onde também ocorrem as famosas "Cuevas de Almanzora - Antas".

Estas espetaculares concreções foram descobertas em pesquisas na internet e o autor do material disponível é o Sr. Hélios Garcia e podem ser acessadas integralmente e na língua de origem através do link: 

https://echino.wordpress.com/2009/12/23/%C2%BFestuvo-picasso-en-la-loma-de-vera/

Abaixo transcrevo em partes o conteúdo apresentado pelo autor e uso de meus conhecimentos geológicos e das imagens fornecidas para traduzir e compreender pelo menos em teoria os processos formacionais destas estruturas e poder contribuir com o leitor no entendimento da natureza destas preciosidades do mundo natural!!!

Boa leitura!!!!

"...As concreções surgem do ventre da terra como verdadeiras obras de arte surrealista e cada peça surpreende qualquer  aficionado pela natureza.

Dentre as formas mais comuns descritas pelo autor destacam-se os chamados “platillos volantes" e outras mais elaboradas como puzzles, escrituras antigas até com aparências extraterrestre.

A história geológica destas concreções datam do período Mioceno onde na Bacia Sedimentar de Vera estavam submersas em águas de um mar raso e quente ricos em sedimentos marinhos, sobretudo calcáreos. A evolução geológica desde então na região, combinando orogênese das cordilheiras Batidas e a regressão do nível do mar sobre a região modelaram a paisagem como hoje esta apresentada na suas feições maiores.

No ambiente A partir deste ambiente passaram a ocorrer processos posteriores à sedimentação química primária ou singenética à formação da Bacia Sedimentar. Estes processos posteriores ou epigenéticos são genericamente denominados de diagênese e envolvem complexas reação químicas, bioquímicas e físicas que podem sofrer um sedimento durante a diagênese e se processa em subsuperfície.

Neste contexto sedimentar denominado Bacia de Vera – Cavernas de Almanzora - Antas são encontrados uma legião de registros geológicos muito interessantes e peculiares como fósseis diversos, geodos gigante de gesso de Pulpi,  minerais de chumbo, Baritas espetaculares da Serra Almagrera, vidros vulcânicos de "Verita" e as sui generis concreções de Pago da Loma.

No caso das concreções de “la loma”, a diagênese se iniciou abaixo do nível do lençol d´água na época, e as transformações se deram sobretudo a pouca profundidade e em condições de pressão e temperatura muito próximas as superficiais.

Dentre os principais processos diagenéticos que ocorrem estão: cimentação, dissolução, recristalização, substituição.

A formas inusitadas e únicas das concreções de loma parecem refletir justamente este comportamento diagnético à época de nucleação das concreções tem seu  “gérmem recristalizador” muito próximo a superfície freática ou saturada  em sais do meio o que pode ser explicado pelas superfícies muito planificadas dos topos das concreções encontradas in situ e refletindo distintos estratos sobrepostos e afetados pela nucleação dispersas das concreções como em níveis distintos do lençol ao longo do ciclo diagenético das rocha.

Esta variação pode ser apenas de sazonalidade anual (períodos secos e mais úmidos ou muito mais úmidos) onde o nível saturado podia oscilar anualmente alguns decímetros (até 0,5m). Contudo olhando-se numa escala de tempo geológico estas oscilação do nível freático pode se dar de modo mais consistente, ou seja, reflete oscilações mais regionais tais como uma regressão ou transgressão marinha e seus efeitos em todo o conjunto.

A evolução morfogenética da paisagem reveladas por processos diversos, tratou-se de expor à superfície estes estratos afetados por tal processo e deste forma trouxe a luz e aos olhos humanos tais caprichos de formas que tanto encanta aos olhos dos atentos!!!

Ainda sobre as concreções, segundo o autor Hélios Garcia: “...o motor de crescimento das concreções é geralmente a mineralização da matéria orgânica no próprio sedimento ou sedimentos adjacentes. Os elementos a serem precipitados em torno do “germem” são minerais de carbonato e sílica dissolvidos em água que cimentam concentricamente os grãos de sedimentos, preenchendo os microporos unindo-os e crescendo de dentro para fora continuamente a partir do núcleo do “gérmem” e assim formam-se a concreção como unidade coerente, individualizada, sem porosidade, e, portanto, mais resistente do que a camada de areia que inclui hospedeiro.

Podem assumir muitas formas, sendo a mais comum como ovóides (bi-convexa) e em seção longitudinal tem formato círculo quase perfeito. Podem variar em tamanho desde 1 centímetro a mais de 30 centímetros e quando encontradas em porções mais suaves das colinas podem trazer concentração de peixes fósseis.

As formas mais arredondadas resultam de um processo de redistribuição diagenética de carbonatos biogênicos contidos nas areias e que por processos de nucleação concêntrica por meio da difusão de calcita sob camadas sucessivas e crescente de forma centrífuga. Estas concreções também podem ser formadas a partir da redução de sulfatos por bactérias ou atividade microbianas em ambiente redutor.

Muitas vezes, nas formas mais complexas (elipsoides esferas aglutinadas ocorrem certo imbricado ou orientação dos aglutinados, gerando formas espacialmente curiosas como “estradas romanas” ou “peças de quebra-cabeças” dependendo da área explorada.


Outra curiosidade é que sul / sudeste de Loma, é a proximidade de um grande depósito de lava vulcânica preta ocorrem uma região muito rica em cristais vulcânicos tipo “vidros de veritas" formados a uma forte atividade vulcânica posterior  na bacia denominados de “Cabezo Maria”.


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